segunda-feira, 22 de março de 2010

vamos fumar


Vamos fumar! Fumar até não nos sentirmos. Fumar até as pernas tremeram. Até os braços tremerem. Até o corpo inteiro tremer. Até a alma tremer! Vamos fumar até não suportamos o peso dos olhos. Até não conseguirmos falar. Até não nos conseguirmos lembrar da vida que nos espera lá dentro...e eu não quero voltar lá para dentro! Vamos fumar até o estômago devolver tudo o que comemos. Até termos a boca seca, tão seca como a vida. Tão seca como eu. Vamos fumar, meu irmão, e esquecer este assunto. Não quero mais falar sobre isto e já não gosto de textos politicamente correctos. Quero ficar aqui, e mostrar-te o meu lado mais negro. Mostrar-te as minhas imperfeições. Mostrar-te a parte insensível e vingativa...se é que existe alguma parte insensível e vingativa. Caso não exista, gira isso e vamos fumar. Vamos lá! Vamos fumar e escrever textos feios. Vamos fumar e esquecer-nos de nós. Sim, esquecer-nos de nós. Vamos esquecer-nos de nós, vamos lá!

domingo, 21 de março de 2010

chuva


vou correndo, como se isso me fizesse escapar dos pingos da chuva que se inicia. Menos tempo na chuva, pode ser ilusório, mas tenho a impressão de que ficarei menos molhado, de que chegarei menos ensopado. Com o canto do olho observo o senhor que com a mangueira termina de limpar a calçada, mesmo sabendo que a chuva há de modificar todo o cenário nos próximos instantes. Ou vai trazer de volta toda a sujeira que ele está a lavar ou vai lavar outra vez o que ele acabou de lavar.